viernes, 11 de mayo de 2012

Poesia: Fernando Pessoa - Antologia - Parte 13 - NADIE EN PLURAL - Álvaro de Campos - Dois Excertos de Odes ( Fins de duas odes, naturalmente) - Dos Fragmentos de Odas (Finales de odas, naturalmente) - Em Portugues y Español - Miguel Ángel Flores traduccion










DOIS EXCERTOS DE ODES
(FINS DE DUAS ODES, NATURALMENTE)

30-6-1914


I
...............................................................................................
VEM, NOITE, antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e da vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem, e afaga-nos,

Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Ebúrnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu te tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,

Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde — quem sabe? —Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso de fera,
E acalma-o misteriosamente,
Ó domado rã hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuces das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.

Vem, noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como una brisa na tarde leve,
Tranquilamente como un gesto materno afagando,
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua mascara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar,
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,

A lua começa a ser real.


II


Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes
cidades
E a mão de mistério que abafa o bulício,
E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe
Para uma sensação exata e precisa e ativa da Vida!
Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios
E que misterioso o fundo unânime das ruas,
Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde , ó Mestre,
Ó do «Sentimento de um Ocidental»!

Que inquietação profunda, que desejo de outras coisas,
Que nem são países, nem momentos, nem vidas,
Que desejo talvez de outros modos de estados de alma
Umedece interiormente o instante lento e longínquo!

Um horror sonâmbulo entre luzes que se acendem,
Um pavor terno e líquido, encostado às esquinas
Como um mendigo de sensações impossíveis
Que não sabe quem lhas possa dar...

Quando eu morrer,
Quando me for, ignobilmente, como toda a gente,
Por aquele caminho cuja ideia se não pode encarar de frente,
Por aquela porta a que, se pudéssemos assomar, não
assomaríamos,
Para aquele porto que o capitão do Navio não conhece,
Seja por esta hora condigna dos tédios que tive,
Por esta hora mística e espiritual e antiquíssima,
Por esta hora em que talvez, há muito mais tempo do que parece,
Platão sonhando viu a ideia de Deus
Esculpir corpo e existência nitidamente plausível
Dentro do seu pensamento exteriorizado como um campo.

Seja por esta hora que me leveis a enterrar,
Por esta hora que eu não sei como viver,
Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho,
Por esta hora cuja misericórdia é torturada e excessiva,
Cujas sombras vêm de qualquer outra coisa que não as coisas,
Cuja passagem não roça vestes no chão da Vida Sensível
Nem deixa perfume nos caminhos do Olhar.

Cruza as mãos sobre o joelho ó companheira que não tenho nem
quero ter.
Cruza as mãos sobre o joelho e olha-me em silêncio
A esta hora em que eu não posso ver que tu me olhas,
Olha-me em silêncio e em segredo e pergunta a ti própria
—Tu que me conheces— quem eu sou...





DOS FRAGMENTOS DE ODAS

(FINALES DE ODAS, NATURALMENTE)
30-6-1914


I
...............................................................................................

VEN, NOCHE antiquísima e idéntica,
Noche Reina nacida destronada,
Noche igual por dentro al silencio, Noche
Con estrellas, lentejuelas rápidas
En tu vestido con franjas de infinito.

Ven, vagamente,
Ven, levemente,
Ven, sola, solemne, con las manos caídas
A tu lado, ven
Y trae los montes lejanos al pie de los árboles cercanos,
Funde en un campo tuyo todos los campos que veo,
Haz de la montaña un solo bloque de tu cuerpo,
Bórrale todas las diferencias que de lejos veo,
Todos los caminos que la ascienden,
Todos los diversos árboles que la hacen verde oscuro a lo lejos.
Todas las casas blancas humeando entre los árboles,
Y deja sólo una luz y otra luz y otra más,
En la distancia imprecisa y vagamente perturbadora,
En la distancia súbitamente imposible de recorrer.

Nuestra señora
De las cosas imposibles que buscamos en vano,
De los sueños que acuden a nosotros en el crepúsculo, en la
ventana,
De los propósitos que nos acarician
En las grandes terrazas de los hoteles cosmopolitas
Al sonido europeo de las músicas y de las voces lejanas y cercanas,
Y que nos duele al saber que nunca los realizaremos...
Ven, y arrúllanos,
Ven y acarícianos,

Bésanos silenciosamente en la frente,
Tan levemente en la frente que no sepamos que nos besan
Sino por una diferencia en el alma
Y un vago sollozo que sale melodiosamente
De lo más antiquísimo de nosotros
Donde arraigan todos esos árboles de maravilla
Cuyos frutos son los sueños que acariciamos y amamos
Porque los sabemos sin relación con lo hay en la vida.

Ven solemnísima,
Solemnísima y llena
De una oculta voluntad de sollozar,
Tal vez porque el alma es grande y la vida pequeña,
Y todos los gestos no salen de nuestro cuerpo
Y sólo alcanzamos donde nuestro brazo llega,
Y sólo vemos hasta donde llega nuestra mirada.

Ven, dolorosa,
Mater-Dolorosa de las Angustias de los Tímidos,
Turris-Eburnea de las Tristezas de los Despreciados,
Fresca mano en la frente febril de los humildes,
Sabor de agua sobre los labios secos de los Cansados.
Ven, allá del fondo
Del horizonte lívido,
Ven y arráncame
De la soledad de angustia y de inutilidad
En que retoño.
Recógeme de mi suelo, margarita olvidada,
Hoja a hoja lee en mí no sé qué sino
Y deshójame a tu agrado,
A tu agrado silencioso y fresco.
Lanza una hoja mía lanza al Norte,
Donde están las ciudades de Hoy que tanto amé;
Lanza otra hoja mía lanza al Sur,
Donde están los mares que abrieron los Navegantes;
Otra hoja mía impulsa al Occidente,
Donde arde al rojo todo lo que tal vez sea el Futuro,
Que sin conocer adoro;
Y la otra y las otras, lo que queda de mí
Tira al Oriente,

Al Oriente de donde viene todo, el día y la fe,
Al Oriente pomposo y fanático y cálido,
Al Oriente excesivo que nunca veré,
Al Oriente budista, brahamánico, sintoísta,
Al Oriente que es todo lo que no tenemos,
Que es todo lo que no somos,
Al Oriente donde —¿quién sabe?— Cristo tal vez aún hoy viva,
Donde Dios tal vez exista realmente mandando todo...

Ven sobre los mares,
Sobre los mares mayores,
Sobre los mares sin horizontes precisos,
Ven a pasar la mano por el dorso de fiera,
Y cálmalo misteriosamente,
¡Oh, domadora hipnótica de las cosas que se agitan mucho!

Ven, cuidadosa,
Ven, maternal,
Pie a pie enfermera antiquísima que te sentaste
En la cabecera de los dioses de las fes ya perdidas,
Y que viste nacer a Jehová y Júpiter,
Y sonreíste porque todo te es falso e inútil.

Ven noche silenciosa y extática,
Ven a envolver en la noche con manto blanco
Mi corazón...

Serenamente como una brisa en la leve tarde,
Tranquilamente como un gesto materno que acaricia,
Con las estrellas luciendo en tus manos
Y la luna máscara misteriosa sobre tu rostro.
Todo los sonidos suenan de otra manera
Cuando tú vienes.
Cuando entras todas las voces bajan,
Nadie te ve entrar,
Nadie sabe cuándo entraste,
Sino de repente, viendo que todo se recoge,
Que todo pierde las aristas y los colores,
Y que en el alto cielo todavía muy azul
Creciendo ya nítido, o círculo blanco, o sólo luz nueva que viene,

La luna comienza a ser real.


II


¡Ah el crepúsculo, la noche que cae, las luces en las grandes
ciudades que se encienden,
Y la mano de misterio que ahoga el bullicio,
Y el cansancio de todo en nosotros que nos corrompe
Con una sensación exacta y precisa y activa de la Vida!
¡Cada calle es un canal de una Venecia de tedios
Y qué misteriosa la intimidad unánime de las calles,
De las calles al caer de la noche, oh Cesário Verde, oh Maestro,
Oh, del «Sentimiento de un Occidental»!

¡Qué inquietud profunda, qué deseo de otras cosas,
Que ni son países, ni momentos, ni vidas,
Qué deseo tal vez de otros modos de estados de alma
Humedece interiormente el lento y lejano instante!

Un horror sonámbulo entre luces que se encienden,
Un pavor tierno y líquido, apoyado en las esquinas
Como un mendigo de sensaciones imposibles
Que no sabe quién las pueda dar...

Cuando muera,
Cuando me vaya, vilmente, como toda la gente,
Por aquel camino cuya idea no se puede encarar de frente,
Por aquella puerta a la que, si pudiésemos asomar, no
asomaríamos,
Hacia aquel puerto que el capitán del Barco no conoce,
Sea por esta hora digna de los tedios que tuve,
Por esta hora mística y espiritual y antiquísima,
Por esta hora en que tal vez, hace mucho más tiempo del que
parece,
Platón soñando vio la idea de Dios
Esculpir cuerpo y existencia nítidamente plausibles
Dentro de su pensamiento exteriorizado como un campo.

Sea por esta hora en que me lleváis a enterrar,
Por esta hora que no sé como vivir,
En que no sé que sensaciones tener o fingir que tengo,
Por esta hora cuya misericordia es torturada y excesiva,
Cuya sombras vienen de cualquier otra cosa que no las cosas,
Cuyo pasaje no roza vestidos en el suelo de la Vida Sensible
Ni deja perfume en los caminos de la Mirada.
Cruza las manos sobre la rodilla, oh, compañera que no tengo
ni quiero tener.

Cruza las manos sobre la rodilla y mírame en silencio
En esta hora en que no puedo ver que tú me miras,
Mírame en silencio y en secreto y pregunta a tí misma
—tú que me conoces— quién soy...


Poesia: Fernando Pessoa - Antologia - Parte 13 - NADIE EN PLURAL - Álvaro de Campos - Dois Excertos de Odes ( Fins de duas odes, naturalmente) - Dos Fragmentos de Odas (Finales de odas, naturalmente) - Em Portugues y Español - Miguel Ángel Flores traduccion



You have an alphabetical guide in the foot of the page in the blog: solitary dog sculptor
In the blog: Solitary Dog Sculptor I, the alphabetical guide is on the right side of the page
Thanks

Usted tiene una guía alfabética al pie de la página en el blog: solitary dog sculptor
En el blog: Solitary Dog Sculptor I, la guia alfabética está en el costado derecho de la página
Gracias




Ricardo M Marcenaro - Facebook

Blogs in operation of The Solitary Dog:

solitary dog sculptor:
http://byricardomarcenaro.blogspot.com

Solitary Dog Sculptor I:
http://byricardomarcenaroi.blogspot.com

Para:
comunicarse conmigo,
enviar materiales para publicar,
propuestas comerciales:
marcenaroescultor@gmail.com

For:
contact me,
submit materials for publication,
commercial proposals:
marcenaroescultor@gmail.com

Diario La Nación
Argentina
Cuenta Comentarista en el Foro:
Capiscum

My blogs are an open house to all cultures, religions and countries. Be a follower if you like it, with this action you are building a new culture of tolerance, open mind and heart for peace, love and human respect.

Thanks :)

Mis blogs son una casa abierta a todas las culturas, religiones y países. Se un seguidor si quieres, con esta acción usted está construyendo una nueva cultura de la tolerancia, la mente y el corazón abiertos para la paz, el amor y el respeto humano.

Gracias :)